Mães de autistas protestam contra recusa de vacinação dos filhos adolescentes com comorbidades


Mães de adolescentes portadores do Transtorno do Espectro Autista - TEA tiveram dificuldade em vacinar seus filhos no primeiro dia de imunização de pessoas de 12 a 17 anos com comorbidades, nesta quarta-feira. Uma confusão se formou na porta do Sesc e atraiu até a presença da imprensa e da Polícia Militar.

As mães não se conformavam em que as assistentes da Secretaria Municipal de Saúde barrassem seus filhos, considerados portadores de deficiência permanente. Só foram vacinados os adolescentes que possuíam no laudo a descrição de transtorno grave ou os contemplados com o Benefício de Prestação Continuada – BPC.

“A mudança de última hora nas regras de vacinação por comorbidades deixou muitas mães revoltadas. Deveriam melhorar a comunicação para não acontecer este lamentável fato novamente. É preciso instruir as enfermeiras sobre as particularidades na vacinação de adolescentes e crianças autistas”, protestou a mãe da adolescente Ana Laura, de 13 anos, Ana Cláudia de Paiva Alves.   

O presidente da Câmara Municipal de Araxá, vereador Raphael Rios, um dos defensores da causa dos autistas em Araxá, foi chamado para mediar o impasse e promoveu uma reunião, na tarde de quinta-feira (23) entre representantes de entidades ligadas aos autistas e a coordenadora de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde, Erica Fonseca. Ela informou que vieram apenas 330 doses no lote de vacinas recebido nesta semana, para todas as formas graves de comorbidades, não só de autismo. E que nova remessa de vacinas deverá chegar na próxima terça-feira para continuar a imunização de adolescentes com comorbidades. Ainda segundo Érica, a instrução que vem da Superintendência Regional de Saúde, de Uberaba, determina que o laudo deve especificar “deficiência intelectual permanente grave, que limite as atividades habituais do indivíduo, como trabalhar, ir à escola, brincar etc.”

As mães da Associação de Apoio a Pais e Autistas de Araxá – A&+, presentes à reunião, argumentaram que não existe, legalmente, diferenciação entre autismo leve, moderado e grave para efeito de benefícios e prioridade. “Os autistas leves e moderados possuem ainda mais riscos de contaminação, porque eles têm mais contato com objetos e pessoas, além de não serem obrigados por lei a usar máscara. Eles precisam voltar para as terapias presenciais, já vacinados”, sinalizou a psiquiatra Karina Cleto, que fez parte do encontro.  “Estamos brigando é por causa da discriminação com a pessoa portadora de TEA”, emendou.

Segundo Érica Fonseca, espera-se nova norma técnica sobre a vacinação de pessoas de 12 a 17 anos na próxima semana. Raphael Rios sugeriu às mães que providenciem a troca do laudo que atesta o Transtorno do Espectro Autista (TEA), especificando os dados exigidos pela Secretaria de Saúde. “Assim, o documento será aceito pela equipe de vacinação da prefeitura sem maiores problemas”, concluiu o vereador.

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